Sou daltónico
Mas calma aí, não sou aquele típico daltónico que só vê preto e branco. Antes de mais é preciso perceber ou saberem que um daltónico é o indivíduo que padece de daltonismo, ou seja, significa que é incapaz ou tem dificuldade em distinguir as diferenças de cor. Alguém com visão normal pode identificar e distinguir 150 tons de cores diferentes, no entanto, no daltónico este número começa a cair à medida que tem menos possibilidades de criar misturas de cores.
Mas o que é realmente o daltonismo?
O daltonismo é denominado em termos científicos por discromatopsia ou discromopsia, podendo ocorrer de diferentes formas conforme as células da retina afectadas. No entanto, o termo daltonismo é mais vulgarmente conhecido e utilizado que o termo discromatopsia.
A retina é a parte do olho onde as imagens são formadas (recebidas) e posteriormente transmitidas ao cérebro através do nervo óptico. Numa retina normal, existem células chamadas de cones que são sensíveis à cor, sendo cada uma delas sensível a um determinado espectro luminoso (espectro das cores). A percepção da cor é efectuada por três diferentes tipos de cones. Cada tipo é sensível a um determinado comprimento de onda de luz (vermelho, verde e azul) e cada cor percebida é, portanto, uma mistura de estímulos destes três tipos de cones. Estes três tipos, a saber: "vermelho", "verde" e "azul" são cores primárias que permitem formar qualquer tonalidade de cor a partir destas três cores.
Qualquer alteração na constituição destas células pode originar alterações na recepção das imagens através da retina e consequente “distorção” da imagem transmitida através do nervo ótico até ao cérebro.
Podemos identificar diferentes níveis de daltonismo conforme as células da retina afectadas e a intensidade com que são afectadas. A percepção das cores pode variar em função dessas alterações.
Podemos identificar diferentes tipos de daltonismo conforme a localização do defeito, ou seja, se ocorre nos cones vermelhos, nos verdes ou nos azuis. Como existem três tipos diferentes de receptores de cor, há também três diferentes formas principais: vermelho (protan), verde (deutan) e azul (tritan).
Em relação à dificuldade de distinguir as cores, podemos identificar dois principais tipos de daltonismo. Aqueles que têm dificuldade em distinguir entre o vermelho e o verde e aqueles que têm dificuldade em distinguir entre o azul e o amarelo.
Para além disso, a discromatopsia pode ser descrita como total ou parcial, com diferentes graus de daltonismo. No daltonismo total existe incapacidade de distinguir a cor, enquanto no parcial existe essa dificuldade, mas o daltónico tem alguma percepção da cor. O daltonismo total é muito menos frequente do que o daltonismo parcial.
Só em 2003 é que descobri que tinha um problema nos olhos.
Na altura concorri para a polícia e chumbei nos testes médicos, no Teste de Ishihara ... o médico disse-me que era daltónico. Não queria acreditar no que estava a ouvir e não reagi lá muito bem. Até aquele momento, para mim um daltónico era uma pessoa que não conseguia ver as cores, vivendo num mundo de preto e branco e naquele momento via aquele médico à minha frente com bata branca, calças de ganga azuis e pólo vermelho.
Escusado será dizer que naquele dia refutei a decisão do médico e pus mesmo em causa o trabalho do homem, mas de nada valeu ... saí de lá com um inapto e uma recomendação para consultar um oftalmologista.
E assim fiz, consultei um oftalmologista e fiquei a saber que sofria de Deuteranomalia. A deuteranomalia é a deficiência parcial nos cones verdes ... ou seja, consigo ver o verde sim. Tenho é dificuldade em distinguir um verde escuro para um castanho ou de um verde claro para um amarelo torrado.
Obviamente que não ando a fazer propaganda desta minha doença. Poucas pessoas sabem que sofro de daltonismo.
Não nego que já tive alguns constrangimentos na vida quando me perguntaram "que cor que é isso?" ou "que cor que é aquilo?", mas na maioria das vezes consegui esquivar-me e evitar situações embaraçosas. Claro está, que aqueles empregos em que haja testes médicos ... bem, nem vale a pena concorrer.
Não existe ainda uma cura para o daltonismo, no entanto e pelo o que vou encontrando pela Internet, fala-se em lentes específicas que podem melhorar a visão das cores.
Mas até lá vou vivendo com este tipo de daltonismo ... é tudo uma questão de aceitar, adaptar e viver com esta limitação.
Ah!!! Sabiam que os daltónicos tem visão nocturna superior às de uma pessoa com visão normal?! Afinal não é tudo assim tão mau.