quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Surpreende-me

12 horas depois de ter falado contigo, as tuas palavras "não te quero" continuam a ecoar pela cabeça.
Tens o direito de usar essas três palavras. Tens o direito de não me quereres ver mais. Tens o direito de te sentires desiludida comigo. Tens o direito de seguir em frente sem mim. Tens o direito de conhecer novas pessoas e/ou deixar alguém aproximar-se de ti (ok, aqui o ciumentómetro disparou). Tens o direito achar que eu não sou a pessoa indicada para ti. Tens o direito de nem sequer quereres falar mais comigo.Tens o direito a manter a tua decisão.

Hoje senti que não vai haver volta a dar, que nunca mais irei estar no teu quarto, que nunca mais vou estar abraçado a ti, que nunca mais vou passar bons momentos contigo, que nunca mais irei passear contigo, que nunca mais irei falar comigo de forma carinhosa, que nunca mais te terei por perto. Hoje senti o verdadeiro efeito da tua decisão.
A partir de hoje já sei a história de cor, o sofrimento constante, o aperto no peito, a vontade de estar contigo, o ciúme de pensar que um dia possas ter outra pessoa – incomoda-me e dói. A tristeza de ter perdido tudo, a obsessão de voltar atrás e fazer tudo diferente, a esperança de que voltasses para mim, as tentativas para que visses que poderia resultar.

Mas sabes. Mudei. Mudei porque te amo, porque não estava bem, mudei porque precisava. Mas isto já tu não queres saber, não queres descobrir. Tens o Eu que te desiludiu como imagem minha e para ti basta. Mas para mim é uma foda fodida acordar tarde para a vida.
Continuas agarrada a uma ferida que te provoquei e eu sei o que provoquei. Talvez por não ter percebido o que sentia por ti mais cedo, quando tu me davas sinais de alerta.

Sei o que sou quando amo uma pessoa. Não conheceste-me com este sentimento, mas também não queres saber. És orgulhosa e teimosa e defendes a tua decisão. Mas será que não sentes curiosidade em saber o que podes estar a perder. Não sentes curiosidade em ouvir várias vezes, olhos nos olhos, amo-te. Disseste tu que já me conheces, mas estás enganada querida .... por ti tenho amor e não paixão, e não tenho medo de assumir isso.

E eu disse-te hoje .... aceito receber (cá me aguento) várias vezes o teu "não te quero", mas deixa-me mostrar o quanto te amo e o que é amar-te.

“Anda ser feliz comigo. Pago-te todas as despesas de deslocação e estadia. Não te prometo um hotel de cinco estrelas, mas antes um cantinho acolhedor com uma bela lareira e boa música. Prometo servir-te todos os dias o pequeno-almoço na pequena varanda com vista para onde quiseres, desde que tenhas a capacidade de entender que a imaginação será sempre o nosso maior talento. Não vou ter álcool em casa, não porque não goste, mas porque não quero que nos embriaguemos senão com o amor de cada um. Vou ter apenas três livros na sala, um de sonhos, outro de destinos e um último de segredos. Estão todos em branco e quero muito que sejamos nós a escrevê-los numa linguagem surripiada ao coração de ambos. Prometo amar-te e serenar o teu peito sempre que sentires vontade de partir. Prometo falar-te de quem podes ser comigo e mostrar-te o quanto sou contigo. Sei que vais querer que deixe queimar em toda a casa incensos de sal e fogo para nos lembrar de onde vimos e para onde vamos, mas vou também desejar muito acender velas nos quatro cantos do quarto apenas para ver e sentir as tuas sombras sempre que tomar o teu corpo no meu. Anda ser feliz comigo. Não te preocupes se não o conseguires e quiseres partir. Não te preocupes se me vires a chorar. Vou ficar sempre em paz contigo, unicamente porque me deixaste por um tempo acreditar de novo na minha capacidade de amar.” José Micard Teixeira

Surpreende-me. E eu te surpreenderei.


1 comentário:

  1. verdadeira e intensa partilha que tão bem entendo, por isso me soubetão bem lê-las. Grata pela partilha

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